domingo, 15 de novembro de 2009

CONTRIBUTOS PARA UMA REVISÃO DOS ESTATUTOS

A ASSOCIAÇÃO – PRINCÍPIOS E FINS



A Associação dos Antigos Alunos do Seminário da Ordem Carmelita em Portugal é uma organização sem fins lucrativos que “não tem carácter político, regendo-se por um rigoroso respeito pelo pluralismo ideológico, cultural e religioso dos seus membros” (artigo 3º dos Estatutos).


Dizendo, embora, reger-se por um rigoroso respeito pelo pluralismo ideológico, cultural e religioso dos membros da organização, este princípio, que até consta de quase todos os estatutos das organizações nacionais actualmente existentes, é ele próprio, a expressão de uma posição filosófico-ideológica conhecida.


Este artigo mostra-nos que houve um grande cuidado em não misturar as águas, principalmente pelo facto de se tratar de uma organização, cujos membros tinham frequentado o seminário de uma ordem religiosa/católica e, em grande parte, se teriam já distanciado dos princípios e linhas orientadoras que norteavam a formação que receberam. Tal pressuposto poderá ter aqui, a meu ver, o seu principal fundamento.


OS FINS DA ASSOCIAÇÃO

São fins da Associação:


a) Promover a solidariedade entre todos os associados através do apoio e entreajuda mútuas no plano social, profissional e cultural, de acordo com as possibilidades e necessidades manifestadas pelos associados;


b)Promover encontros regionais e nacionais capazes de proporcionar espaços de confraternização cultural e de recreio entre associados e seus familiares, em ligação com a Ordem Carmelita;


c)Promover ocupação de tempos livres para os jovens, filhos de associados;


d)Manter laços estreitos de trabalho e cooperação com a Ordem Carmelita, quer divulgando a sua obra quer apoiando-a em iniciativas onde as estruturas da Associação se revelarem úteis;


e)Concretizar anualmente o encontro de todos antigos alunos, quer sejam sócios, ou não.


Propósitos como estes, consignados em estatutos, são óptimos objectivos a prosseguir desde que as organizações tenham bases de sustentação capazes para os levar a bom porto.


Uma organização como esta Associação, à partida, não parecia reunir condições para promover tais desideratos, a começar pelo da solidariedade. É que, promover a solidariedade implica ter meios para o fazer, ter capacidade para fazer levantamentos de necessidades individuais e colectivas ou grupais. Como intenção e propósito teórico, entendemos ser aceitável, mas não exequível a sua prática. Os associados não residem na mesma localidade nem em localidades próximas umas das outras, vivem espalhados por todo o território nacional e até no estrangeiro; o acesso, mesmo a nível postal ou telefónico, não é tão fácil como possa parecer, exige um esforço de investigação acima da média, é de difícil concretização, tornando impraticável atingir os objectivos propostos. Por outro lado, o objecto “solidariedade” aqui, entende-se como sendo da organização e nunca das pessoas singulares que a integram.


Constituindo os encontros regionais um propósito louvável e que poderia ser de fácil execução, a sua concretização prática foi, em dois episódios, possível, sendo que segundo teve um final pouco feliz. A ligação com a Ordem Carmelita, como pressuposto na efectivação de tais encontros, é de suma importância, dada a natureza da Associação, mas, confesso, pode criar, naturalmente, fricção, com o princípio do “pluralismo ideológico, cultural e religioso”, atendendo a que tal ligação implicará sempre uma certa relação com a Espiritualidade Carmelita e suas manifestações práticas.


“Promover a ocupação de tempos livres para os jovens, filhos do associados” . Este desiderato aparece como algo louvável, desde que os associados residissem relativamente próximo uns dos outros, de modo que permitisse que, qualquer iniciativa da Associação pudesse ser partilhada pelos eventuais filhos dos associados. Assim não sendo, como de facto não é, este propósito unicamente pôde ser levado á prática, durante os encontros em que os associados se faziam acompanhar pelos seus filhos, ou outros jovens familiares. Contudo, o tempo veio a mostrar que, cada vez menos jovens acompanhavam os pais aos encontros dos Antigos Alunos ou, dizendo de outra maneira, cada vez menos antigos alunos com filhos, apareciam nos encontros, ficando os jogos e outros materiais sem qualquer préstimo. Não nos parece, pois, que um tal objectivo devesse integrar os objectivos desta Associação. Pelo menos nos moldes em que se encontra formulado.


E chegamos local dos objectivos em que se propõe uma colaboração estreita com a Ordem Carmelita (Manter laços estreitos de trabalho e cooperação com a Ordem Carmelita, quer divulgando a sua obra quer apoiando-a em iniciativas onde as estruturas da Associação se revelarem úteis;).


É verdade que durante todos estes anos se manteve uma ligação sempre grande com a Ordem Carmelita, até porque um dos membros da Direcção é um sacerdote da Ordem, ligação essa que se veio traduzindo por um acompanhar da vida da Ordem nas suas variadas manifestações e celebrações.


No que à divulgação da sua obra se refere, apesar da boa vontade dos membros da Direcção e da sua participação em muitas das acções realizadas pela Ordem, pouco se evoluiu, para além do que se publica no “Vínculo II” e no Blog da Associação.


Porém, antes de pensar em manter estes “laços estreitos de trabalho e cooperação com a Ordem Carmelita” importa saber o que é esta Instituição, qual “o seu Carisma e Missão, bem como quais as suas características fundamentais”. Só sabendo tudo isto em pormenor e estando bem conscientes da natureza destas características, é que a Associação pode predispor-se para o cumprimento deste desiderato dos estatutos.


A Verdade é que:


A ordem do Carmo, como rezam as Constituições actualmente em vigor, é uma Instituição cujos membros se propõem “Viver em obséquio de Jesus Cristo e servi-Lo fielmente com coração e consciência recta” (Regra, Prólogo)… Os Carmelitas vivem o seu obséquio a Cristo, empenhando-se na busca do Deus vivo (dimensão contemplativa da vida), na fraternidade e no serviço(diakonia) no meio do povo (nº14 das Constituições).


”Com efeito, desde as origens, a comunidade dos carmelitas adoptou um estilo contemplativo, tanto na estrutura como nos valores fundamentais. E tal estilo ressalta evidente da Regra. Ela delineia uma comunidade de irmãos, toda dedicada à escuta orante da palavra e assídua na celebração do louvor do seu Senhor; uma comunidade composta por pessoas que querem deixar-se modelar e habitar pelos valores de espírito: castidade, pensamentos santos, justiça, amor, fé, espera da salvação, trabalho feito na paz, silêncio que, como afirma o profeta, é o culto da justiça e dá sabedoria às palavras e ao agir, discernimento, que é “guia das virtudes” (16).


E, o exercício da contemplação “não só é fonte da… vida espiritual, como também determina a qualidade da vida… fraterna e do… serviço dos carmelitas no meio do povo de Deus” (18).


Pelo que, “a atitude contemplativa para com o mundo em torno dos carmelitas, que os faz descobrir Deus presente nas suas experiências quotidianas, leva-os a encontrá-Lo especialmente nos seus irmãos. Assim, são levados a valorizar o mistério das pessoas que lhes são próximas e com as quais compartilham a sua vida. A sua Regra quer que sejam acima de tudo “fratres” e recorda-lhes como a natureza das referências e das relações interpessoais, que caracterizam a vida da comunidade do Carmelo, se desenvolveu no exemplo inspirador daquela primitiva comunidade de Jerusalém. Ser “fratres” significa para eles crescer na unidade, na superação das distinções e privilégios, na participação e na co-responsabilidade, na partilha dos bens, num projecto comum de vida e dos carismas pessoais; significa, também, amadurecer atitudes de atenção ao bem-estar espiritual e psicológico das pessoas, percorrendo os caminhos do diálogo e da reconciliação” (19).


Para além desta dimensão “como fraternidade contemplativa, buscam o rosto de Deus também no coração do mundo. Crêem que Deus fixou no meio do seu povo a sua morada, e por isso a fraternidade do Carmelo sente-se parte viva da Igreja e da História: uma fraternidade aberta, capaz de escutar e fazer-se interpelar pelo próprio ambiente, disposta a acolher os desafios da história e a dar respostas, autênticas de vida evangélica com base no próprio carisma, solidária e também pronta a colaborar com todos os homens que sofrem, esperam e se empenham na busca do Reino de Deus” (21).


Passamos agora, para o último objectivo da Associação que é “Concretizar anualmente o encontro de todos antigos alunos, quer sejam sócios, ou não”.


Sendo que, anualmente, se realiza a Assembleia-geral (que, em meu entender, deveria ter lugar na Sede Social da Associação - Seminário Carmelita do Sameiro, Braga), que dá também lugar à concretização de um encontro nacional, entendo ser duplicação desnecessária de eventos, a realização de um encontro especificamente para todos os antigos alunos. Além do mais, esta alínea repete o que outra anteriormente dizia sobre encontros regionais e nacionais.


Os objectivos que acabámos de revisitar merecem-nos alguns comentários:


Numa organização como a nossa, a promoção da solidariedade entre os associados deveria privilegiar mais a parte psicológica e espiritual, do que a parte material [como diz o ditado oriental – não dar o peixe mas sim ensinar a pescar], pois o espírito positivo e o optimismo, mesmo no meio das dificuldades, é uma fonte de energia que tende a contribuir imenso para se encontrar o caminho de solução para os problemas que, ao longo da vida, por vezes encontramos. A dispersão geográfica dos associados pouco ou nada ajuda à concretização de qualquer outro tipo de ajuda e, se nos ativermos ao plano financeiro, esse só seria possível se a nossa Associação tivesse um património financeiro que pudesse servir de base a um tal desiderato. Considerando que a nossa Associação nem dinheiro tem para pagar as despesas correntes, tendo de ser os membros da Direcção a custeá-las, fácil se torna concluir pela inviabilidade de um propósito como o que acima se enuncia como objectivo da Associação.


No aspecto cultural, pode haver conferências e outros eventos passíveis de ser frequentados ou participados por antigos alunos; contudo, desconhecendo as apetências culturais dos associados torna-se um tanto arriscado avançar com acções a este nível.


No plano profissional, houve sempre ao longo dos anos, disponibilidade de entreajuda, até pelo facto de haver associados a exercer profissões que proporcionavam facilidade de apoio a quem o solicitasse. Tal apoio, contudo, era sempre dado a qualquer antigo aluno independentemente de ele ser sócio ou não e era prestado ao próprio ou a qualquer pessoa de família ou amigo que fosse apresentado.


No que aos encontros diz respeito, as tentativas de realizar encontros regionais, nem sempre foram bem sucedidas e, mesmo nos nacionais, foram progressivamente tendo cada vez menos participantes, o que vem acarretando problemas para a Direcção que os organiza, dando origem a um processo de desmotivação progressiva, o que poderá passar a levar à realização de um único encontro por ano e que inclua a realização da Assembleia Geral anual. É uma posição pessoal que entendo perfeitamente aceitável, tendo presente que a realização de qualquer encontro é sempre dispendiosa, ultrapassando significativamente as receitas da Associação.


Além disso, interessante verificar que, quando se fala de encontros regionais e nacionais, refere-se “em ligação com a Ordem Carmelita”, condição que já não é referida para a realização do encontro anual dos antigos alunos quer sejam sócios ou não.

No que se refere aos tempos livres dos filhos e netos dos associados, é algo que é de difícil realização, pois o número dos jovens que apareciam ficou reduzido à ínfima espécie, ou zero absolutos.


Propostas e sugestões:

Todo o movimento tendente a reunir antigos alunos de qualquer Instituição, deverá, em nosso modesto entender, ter sempre em atenção, a formação recebida durante o tempo em que privaram na convivência e nos estudos, bem como os princípios que norteavam a Instituição onde estiveram, por vezes durante muitos anos. E, se a memória do tempo passado é algo que permanece no interior de cada um, só deveriam vir à tona os aspectos positivos dessa vivência, nunca os aspectos negativos que, por vezes, possam ter recheado a vida dos antigos alunos. Tais aspectos, deveriam ser sempre interpretados como momentos de crescimento e integrados na vida de cada um, sem qualquer ressentimento contra terceiros, pois que, das experiências vividas no passado, foram incomparavelmente mais as que nos beneficiaram e ajudaram a crescer e a evoluir, do que aquelas que, aparentemente, e só mesmo aparentemente, nos prejudicaram.


Ao criar uma associação aglutinadora de antigos alunos de uma mesma instituição, além de afirmar solenemente o rigoroso respeito pelo pluralismo ideológico, cultural e religioso dos seus membros, deveria enunciar, também, como princípio, o reconhecimento dos valores que norteiam a Instituição a que se sentem ligados, nas suas raízes, estabelecendo como pressupostos, os mesmos princípios em que assenta essa Instituição. No nosso caso, deveria constar nos princípios da Associação que esta assenta nos mesmos princípios que são a base da Ordem Carmelita (Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo) e a que acima nos referimos. Só assim é que se poderá compreender o objectivo dos actuais estatutos:


“Manter laços estreitos de trabalho e cooperação com a Ordem Carmelita, quer divulgando a sua obra quer apoiando-a em iniciativas onde as estruturas da Associação se revelarem úteis”.


E, baseada nestes pressupostos, deveria ter como objectivos:


- Divulgar por todos os associados e outros antigos alunos, a maneira como os Carmelitas vêem a realidade da vida humana e a sua relação com a sua Fonte Divina, procurando uma adesão cada vez maior à espiritualidade carmelitana.


- Localizar todos os antigos alunos, registando todos os elementos possíveis, para os ter sempre contactáveis.


- Procurar desenvolver a solidariedade psicológica e espiritual entre todos os antigos alunos, promovendo a entreajuda informativa, nomeadamente nos planos social, profissional e cultural, tendo presente as capacidades, possibilidades e necessidades manifestadas por todos os antigos alunos, sem excepção.


- Editar um boletim, jornal ou revista, com novo visual e de acordo com as possibilidades da Associação, na qual, para além de aspectos lúdicos, se desenvolvam os temas atinentes ao que se referiu nas alíneas anteriores, publicando até artigos de fundo que ajudem a resolver os problemas que vão surgindo ao longo da nossa caminhada terrestre. (E entre os antigos alunos há muitos especialistas nas mais variadas áreas, que podem dar o seu precioso contributo aos outros irmãos que, no passado, com eles privaram).


- Realizar um encontro nacional de todos os antigos alunos e/ou confrades da Ordem do Carmo em Portugal, em local a designar pela Direcção, tendo sempre presente as raízes de muitos dos antigos alunos.


-Proporcionar activamente a possibilidade de, no seu interior, se criarem e desenvolverem grupos formais de reflexão sobre os valores fundamentais da vida humana e da espiritualidade carmelita, fundamento real da existência desta Associação.


-Diligenciar para que esta Associação se torne efectiva e oficialmente parte integrante da Família Carmelita, tal como Ela é descrita no número 28 das Constituições da Ordem e que, como tal, seja reconhecida por todas as outras entidades que fazem parte da Família Carmelita planetária.


- Divulgar a espiritualidade e a obra da Família Carmelita, na sua totalidade, pela palavra, pela promoção do exemplo de vida dos seus associados e pelos eventos que possa vir a realizar.



sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SAUDAÇÃO

Caríssimos amigos e sócios da Associação dos Antigos Alunos do Seminário da Ordem Carmelita em Portugal. O Rosalino sugeriu e o espaço para reflexão sobre a revisão dos estatutos nasce aqui e agora. Desejamos que este espaço seja um lugar de encontro de ideias e sugestões abundantes e promissoras de uma revisão estatutária positiva e promotora de um salto para a frente, dentro do Espírito da Verdadeira Família Carmelita. Agora, começaremos por colocar aqui os estatutos para que estejam sempre disponíveis a fim de que cada um os possa estudar e comentar, para dar sugestões de eventuais alterações e/ou acrescentamentos.


Este espaço destina-se, como é natural, exclusivamente, aos Sócios da AAACARMELITAS, pois só eles é que têm o poder de propor alterações aos estatutos.

Contudo, qualquer contributo exterior à Associação será sempre bem-vindo.

Neste Blog não são permitidos comentários anónimos, sendo que para aceder ao blog cada sócio tem de ter uma conta de correio electrónico activa.

Sejam bem-vindos e até já.